➸ Mulher Vermelha ♥

Cada vez que escrevo um bom poema é mais uma moleta que me faz seguir em frente.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Valdir José de Oliveira, vulgo tio Diga

Tem um capítulo lindo na minha vida chamado Tio Diga. Não me lembro qual é a memória mais antiga que tenho com ele, mas provavelmente é o pequeno percurso na estrada de terra, sem capacete, entre os eucaliptos enooooormes, na motinha vermelha que ele tinha quando eu era pequena. Depois inúmeras recepções na Rodoviária de Presidente Prudente, além das despedidas cheias de amor e doces. Ele era o rei em levar bolinhas de silicone que saltavam, tubinhos de MM's e aqueles brindes de pokemon que você precisa colocar uma moeda para conseguir retirar. Lembro também dele no meu batizado, levando todo mundo no seu sedan pra tomar um guaraná depois da missa e comprar uma balinha. Lembro até do carinho que ele tinha quando eu era imprudente ou não tão educada, ele não conseguia gritar, era puro amor. Ele tinha umas vinte sobrinhas e ligava pra todas falando que amava, que era a mais linda de todas e pedia, encarecidamente, pra nenhuma contar pra outra. Mas é claro que a mais linda sou é, né tio - eu sempre respondia, e ele sempre concordava. Tio Diga nos chamava de "tchucas lindas do tio", em qualquer lugar, apresentando qualquer um. No último sábado eu passei no McDonalds e pedi um MM's lembrando dele, 01:00 e eu mandei áudio dizendo que estava com saudade e que o amava, ele prontamente respondeu. Tio Diga era da madrugada, quantas vezes o atendi no meio da balada, das ruas, dos bares... Ele trabalhava no período noturno e tinha insônia, e o melhor passatempo dele era conversar com a gente. Depois da primeira vez que atendi e vi que era só pra bater papo, parei de me assustar. Nem sempre te atendi, tio, me desculpe. Me desculpe pela minha distância, pela minha falta de educação as vezes, por não ter atendido e conversado as horas que você sempre esteve ali. Me desculpe. Mas saiba que eu sempre falei de você como o tio maneiro, como nosso gato de sete vidas. E você vai embora sabendo o quanto era importante, o quanto era amado, e o quanto sua vida era especial e querida na nossa. Você sobreviveu a mais coisas que o Chuck Norris, você era nosso Chuck Norris, nosso Digão, nosso Tchuco eterno. A sua resistência só mostrava o quanto tinha sede em viver, em estar com a gente, em ensinar, em rir, contar histórias, deixar bons momentos. Você fez da vida um marco e cumpriu sua missão com maestria. Tio Diga infelizmente tinha alguns vícios, a vida não foi tão fácil, e já há algum tempo enfraquecia, mas nunca deixou de ser quem era, de estar ali, e até nisso nos ensinou valiosas lições. E de todos esses 28 anos sendo sobrinha desse homem incrível, a única coisa que faltou foi ele me ensinar a jogar no bicho. Vai ficar pro Céu, que é onde ele está agora. Te amo, tio, descanse na paz dos justos. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

[dos textos que ficaram guardados - parte 9]

 Meu querido, todos dizem que o amor transforma, é eterno, tudo suporta. Me questiono se esta não foi uma fábula para nos tornar mais resistentes. O amor não deveria transformar alguém, mudar seus interesses, prender correntes em seus pés e colocar viseiras em nossas mentes. O amor devia nos fazer transcender. Eu pensei que podíamos viver sem amor, sem paixão, com a decisão correta e bem tomada através da racionalidade. Eu pensei que podia viver sem a droga que move minha alma. Eu pensei que podia viver sem escrever, que de fato era um erro. Mas então, eu seria um erro? A espontaneidade dos atos movidos pelo calor e pela fé me fazem falta. Que saudade de uma cerveja que levava a um toque. Que saudade de um beijo depois de toda a tensão de um dia. Que saudade de sentir escorrer todo o desejo por entre meus dedos. Os dias não tem sido fáceis, não tem sido bonitos, tem sido de acúmulos e esquecimentos. Eu só queria que fosse leve, que fosse espontâneo e que o amor não machucasse. Será que é possível?  


r.

[dos textos que ficaram guardados - parte 8]

A boca dela ,

... que antes era vermelha, ultimamente anda roxeada. Talvez seja o vinho, o frio, ou só tudo que está guardado nessa garganta. O mundo está mudando e os desafios tem exigido demais desse coração mole. Exigido mais frieza, mais silêncio, mais sentimentos guardados. Exigido paz de espírito para enfrentar o caos. Mas, querido, ela é o caos. 

r.

[dos textos que ficaram guardados - parte 7]

 O problema...

... nessa equação toda sou eu. Ou não? Talvez esse seja meu maior tormento. Eu de fato tenho motivos para estar sentindo todas essas coisas? Ou só estraguei tudo de novo? Eu sempre sou o problema? Eu devo ser mais submissa? Eu devo me esforçar pela outra parte também? Eu não sei. Só sei que meu coração tá apertado e cheio de vontade de abraçar meus amigos, de tomar uns drinks com eles e falar mal das andanças da vida. Sei que o fardo tá pesado e que eu cansei de podar meus desejos. Sei que é complicado não poder ser você mesma de dia, de noite, a qualquer tempo. É complicado ter que pensar no que você vai falar até pra pessoa mais próxima. É complicado chegar no ponto de achar que o problema é você mesma. Estou lutando pra permanecer sã, sem válvulas de escape prejudiciais. Eu vou conseguir, já estou.  


r.

[dos textos que ficaram guardados - parte 6]

Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda-roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje já é outro dia. 

  

Caio Fernando Abreu 

[dos textos que ficaram guardados - parte 5]

 Hey 

  

Menino, eu queria te dizer tanta coisa, queria te explicar cada desejo profundo da minha alma e do meu corpo. Mas isso só causaria mais dor, e o amor não deve doer. Por isso, guardo aqui no meu peito tudo que ansiava te falar. Neste momento, só o tempo pode nos ajudar, só a fé de que as coisas encontrarão seu lugar e de que amor atrai amor é que poderão nos manter. Acima disso, eu não quero te machucar. Sim, você. Porque eu já estou, essa consciência maldita de como deveria ser e essa alienação que não me atinge, doem, mas eu sigo. Eu não quero te fazer doer, porque você simplesmente não merece. Você sempre foi amor, você sempre foi paz, sempre foi apoio. No seu silêncio eu encontrei meu acalanto. E hoje, tudo que eu mais desejo é que possamos viver a integridade disto. Sem pressa, sem máscaras, sem motivos pra não emendar uma noite em três, ou quatro. Eu quero antes de tudo viver o que deixamos pra trás nestes dias todos, a paz do encontro, uma conversa jogada fora e cheia de riso. Eu quero estar com você, e saber que você também quer. Aliás, você quer? O teu silêncio sempre deu caminhos demais pras minhas palavras, caminhos demais pros meus sonhos. Eu só preciso de uma resposta.  


r.

[dos textos que ficaram guardados - parte 4]

 Eu não sei se ele sabe o que fez, quando fez o meu peito cantar outra vez 🎶 

  

Era como um impulso após o choque do desfibrilador


, o que te move a partir daí. Era como uma dose de cocaína injetada diretamente na veia do coração, mas com a sabedoria do tempo espaço. Era tudo que fazia minha inspiração aflorar, meus dias terem o ar melancólico das paixões. Era, é. É como se as letras de Caetano e Chico encontrassem sentido em cada verso, em cada sentir. O amor mais singelo e revolucionário de todos. E meu maior medo era que acabasse, que o tempo tomasse, que a vida desgastasse. O amor que deu sentido, ir embora. Eu não queria nunca mais deixar de sentir o que meu peito sente agora, deixar de amar como meu corpo quer amar agora. Eu só queria você e uma cerveja gelada. 

 

r.

[dos textos que ficaram guardados - parte 3]


Por que você demorou tanto tempo pra dizer em voz alta? Por que você não disse antes? Por que você não acreditou em tudo que um dia eu falei? O eu te amo nunca foi uma mentira, mas era uma dor dentro de todas as impossibilidades. Você foi embora muitas vezes, você não estava ali quando o peito doía, quando tudo que o corpo queria era o quente do seu. É aquela velha história do que poderia ter sido, dos capítulos escondidos, dos sonhos não usufruídos. Apesar de tudo, te ter eventualmente ainda era melhor que não ter. Não era como substituir um sentimento, não. Era como inundar todos os sentimentos e não sentir falta de mais nada. Mas você foi, e eu achei que não ia voltar. Você voltou? E disse que era por mim que sentia essa dor de saudade? Isso mesmo, perguntas. Não sei como interpretar as respostas. Só consigo pensar na raposa do Pequeno Príncipe, você lembra?   

  

“Se tu vens, por exemplo, as quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.” 



Essas palavras que eu escrevo, me protegem da completa loucura.